quinta-feira, junho 26, 2008
Desta vez deixai-me
ser feliz,
não aconteceu nada a ninguém,
não estou em nenhum sítio,
acontece somente
que sou feliz,
de coração pleno, quer
andando, dormindo ou escrevendo.
Que hei-de eu fazer, sou
feliz.
sou mais vasto
do que a erva
nas planícies,
sinto a pele como uma árvore rugosa,
a água em baixo,
os pássaros em cima,
o mar como um anel
à roda da minha cintura,
a terra feita de pão e de pedra
e o ar cantando como uma guitarra.
Ao meu lado na areia
tu és areia,
cantas e és canto,
o mundo
é hoje a minha alma,
canto e areia,
o mundo
é hoje a tua boca,
deixa-me
ser feliz
na tua boca e na areia,
ser feliz porque se eu respiro
é a ti que o devo,
ser feliz porque acaricio
os teus joelhos
e é como se acariciasse
a pele azul do céu
e a sua frescura.
Hoje deixai-me
ser feliz
sózinho,
com todos e ningém,
ser feliz
com a erva
e a areia,
ser feliz
com o ar e a terra,
ser feliz,
contigo, com a tua boca,
ser feliz.
Pablo Neruda - Ode ao dia feliz
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
Eu também quero ser assim...feliz.
Quem me dera numa praia deserta como essa...
Beijo
A praia è muito fantastica!
Lindo poèma de Pablo Neruda.
Grande abraço.
Como são belas as fotos! E Neruda, que maravilha!
Quero agradecer o teu comentário e isto parece troca de «lustro», mas não é ... pura sinceridade e quem me conhece sabe que gosto de autores como P. Neruda e que sou fã.
Tenho realmente muito trabalho e pouco tempo livre...
Querida Carminda
Num momento ou outro das nossas vidas tivemos momentos assim de felicidade plena. Tenho a certeza que tu também.
Quanto à praia deserta agora é um bocadinho difícil. Só aquelas de acesso muito difícil.
Beijinhos.
Querida Cristina
A praia deves conhece-la bem. É a praia de Santa Cruz.
Beijinhos.
Querida Anna
É um poeta a quem recorro de vez em quando. Sou também uma grande admiradora.
Beijinhos.
Enviar um comentário