sábado, fevereiro 07, 2009
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o cru,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
Carlos Drummond de Andrade - Amar
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5 comentários:
Tes photos sont magnifiques.
Comme il me manque l'océan...
Bonne fin de semaine à vous deux, gros bisous.
isabel:
há que se amar,como quer o drummond.
romério
Amar, sim! Tudo fazemos por amor ou pelo amor!
Magnífico!
Beijinho
Olá amigos
Cristina
Romério
Ana
Inteiramente de acordo, o amor é primordial nas nossas vidas, como o sol, como a água.
Beijinhos.
Isabel,
Excelente postagem!
Abraço forte!
Adriano Nunes.
p.s.: desculpe a demora em vir aqui...estou curtindo as férias ao máximo que posso e convém!
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