quinta-feira, junho 16, 2011


Como quem num dia de Verão abre a porta de casa
E espreita para o calor dos campos com a cara toda,
Às vezes, de repente, bate-me a Natureza de chapa
Na cara dos meus sentidos,
E eu fico confuso, perturbado, querendo perceber
Não sei bem como nem o quê...

Mas quem me mandou a mim querer perceber?
Quem me disse que havia que perceber?

Quando o Verão me passa pela cara
A mão leve e quente da sua brisa,
Só tenho que sentir agrado porque é brisa
Ou que sentir desagrado porque é quente,
E de qualquer maneira que eu o sinta,
Assim, porque assim o sinto, é que é meu dever senti-lo...

Fernando Pessoa/Alberto Caeiro - Ficções do Interlúdio

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4 comentários:

Anónimo disse...

Adoro Fernando Pessoa.
Boa tarde,amigos e até muito,muito brève...
Beijinhos.
Cristina

Ana Tapadas disse...

Querida Isabel,
difíceis andam, mesmo, os dias e, no país, as montanhas preparam-se para parir ratos - já o sabemos. Porém, chegar aqui alivia sempre o meu cansaço, porque a sensibilidade das escolhas suaviza o momento.
Obrigada.

Beijinho

Ana Tapadas disse...

Venho desejar um bom fim-de-semana e deixar um beijinho.

alfacinha disse...

A vida é uma questão de escolhas certas,que belo poema.
cumprimentos de Antuérpia