Aprendeu a separar o nocturno zinabre
do transumante desejo e poro a poro o dia
larga sobre a pele os perfumes da terra
e o tempo cobre-se de cardos em cinza
tem o olhar escondido na inquietação da luz
guarda no peito o sossego dormente das pedras
um ombro de sombra dá-lhe frescor à boca
mas se ao morrer o abrissem ao meio
nada encontrariam
nem vísceras nem ossos nem sangue
apenas poalha de água
e a dor da infindável travessia
Al Berto (1948-1997) - O Medo
5 comentários:
Não foi a libertação do medo, mas o equilíbrio do medo, que tornou possível a sobrevivência da nossa civilização...
É uma teoria muito plausível, caro Ludo.
Viver também é superar todos os nossos pequenos e grandes medos.
Grande abraço.
Olá,
Já dizia Pitágoras que " O homem é mortal por seus temores e imortal por seus desejos".
Beijo
muy bella imagen y muy buena foto, asi como poema explendido
felicidades desde Reus Catalunya
obrigado !!
Isabel, concordo contigo quando dizes que: viver também é superar todos os nossos medos.
Confesso que não conheço quase nada do Al Berto, mas gostei deste poema.
Beijos
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