Ora então
bom dia minha gente
sadia
Aqui vai o meu bom dia enorme
polvilhado em toda a dimensão
da hora verdadeira em que nós somos gente
com toda a força de todos os caminhos
Bom dia por aí
cheio da beleza de tarefas de alegria
e senso positivo
rigorosamente positivo
tal como este instante de sol que nos abraça
neste bom dia apanágio
neste gesto sempre eterno
corre corre envolve tudo
no tudo deste bom dia
Bom dia irmã Salomé
pai João avó Rosária
sorrisos para vocês
Bom dia rios e pássaros
cidades e matagais
mussocos e estradas de mar
Bom dia rostos e rostos
palavras gestos e actos
minha sonata de vida
em cada gota de pão
Bom dia mãe Isabel
mãe do meu reino do mar
benção do meu procurar
dos meus sons e dos meus muros
Bom dia senhor doutor
Dona Chica carro grande
servente para o jardim
com uma flor diferente
para cada sol de manhã
Bom dia meninos de escola
bata branca suja d'óleo
pés descalços na lagoa
correndo minutos e horas
num Dinguir de aventuras
de cajús e tambarinos
Bom dia na palma da mão
na tela dos largos fantasmas
altas casas avessos cheios
fomes frios e sedes
gente toda minha gente
bom dia para vocês
em labaredas de rosas
campos e campos de asfalto
bandeiras astros e cantos
dedos frutos labirintos
medalhas e símbolos abertos
chuvas e feras e bruxos
logarítmos e átomos
sonos portas e estatutos
esquinas vontades e mitos
Oh terra da minha gente
ao suor desta manhã
aqui está o meu abraço
que eu grito no canto enorme
do calor do nosso sol
aberto de par em par
ao meu bom dia constante
Aqui estou eu homem todo
num gesto de amor total
em cada rosto que passa
cheio de pressa em chegar
sem geito de poder ir
Eu homem músculos barro
palavras e movimento
sangue nervos e vontade
no encontro comum dos sons
da manhã desta cidade
repetindo por aí fora
o meu bom dia de gente.
João Abel - Bom Dia
João Abel Martins das Neves, poeta angolano. Nasceu em Luanda em 1938.
É membro fundador da União dos Escritores Angolanos
4 comentários:
Bonito poèma e lindos flor!
E preciso de fazer euromillions para uma nova viatura!!!!!
Grande abraço de saudade...
Aqui estamos de nuevo al pie del cañón contemplando tus fotos y leyendo sosegadamente...
...¿line of credit?
qué es esto, un virus?
un abrazo desde la calma berlanguesa
Regressada de férias, que espero tenham sido óptimas, cá nos deixas mais umas belíssimas flores e um poema dos "nossos" poetas.
E que belo poema!
A normalidade
volta à blogosfera.
Um abraço
Mais la voiture a seulement trois ans, ma douce Cristina. On a besoin même du euromillions.
Beijinhos.
Koborron
Olá amigo. Grata pela visita.
Quanto ao "line of credit" são textos da inteira responsabilidade do Platero que também é colaborador deste blog.
Já tinha saudades dessa calma berlanguesa.
Grande abraço.
Olá Meg
Andava naquelas arrumações de férias e descobri este poema de que gostei muito. Escolhi-o para voltar à tal normalidade na blogosfera.
Foram umas "férias" um pouco longas porque tive uma filha comigo a passar as férias dela e tive o meu tempo mais ocupado.
É bom estar de volta e contar com a vossa amizade.
Grande abraço.
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