S. Martinho do Porto - Barra
Mar!
E é um aberto poema que ressoa
No búzio do areal...
Ah, quem pudesse ouvi-lo sem mais versos!
Assim puro,
Assim azul,
Assim salgado...
Milagre horizontal
Universal,
Numa palavra só realizado.
Miguel Torga - Mar
"Sexta feira dia treze"
Já agora, também gostaria de citar Camões.
Perdigão perdeu a pena
Não há mal que lhe não venha
Perdigão que o pensamento
subiu a um alto lugar,
Perde a pena do voar,
ganha a pena do tormento.
Não tem no ar nem no vento
Asas com que se sustenha:
Não há mal que lhe não venha.
Quis voar a uma alta torre,
Mas achou-se desasado;
E, vendo-se depenado,
De puro penado morre.
Se a queixumes se socorre,
Lança no fogo mais lenha:
Não há mal que lhe não venha!
Luis de Camões