terça-feira, fevereiro 27, 2007
sexta-feira, fevereiro 23, 2007
quarta-feira, fevereiro 21, 2007
Fiz com as fadas uma aliança.
A deste conto nunca contar.
Mas como ainda sou criança
Quero a mim própria embalar.
.
Estavam na praia três donzelas
Como três laranjas num pomar.
Nenhuma sabia para qual delas
Cantava o príncipe do mar.
.
Rosas fatais as três donzelas
A mão da espuma as desfolhou.
Nenhuma soube para qual delas
O príncipe do mar cantou.
.
Natália Correia - Inéditos (1941/47)
segunda-feira, fevereiro 19, 2007
A PRAÇA da Figueira de manhã,
Quando o dia é de sol (como acontece
Sempre em Lisboa), nunca em mim esquece,
Embora seja uma memória vã.
.
Há tanta coisa mais interessante
Que aquele lugar lógico e plebeu,
Mas amo aquilo, mesmo aqui ... Sei eu
Por que o amo? Não importa. Adiante...
.
Isto de sensações só vale a pena
Se a gente se não põe a olhar para elas.
Nenhuma delas em mim serena...
.
De resto, nada em mim é certo e está
De acordo comigo próprio. As horas belas
São as dos outros ou as que não há
.
Fernando Pessoa / Álvaro de Campos
quarta-feira, fevereiro 14, 2007
Pelo Sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo Sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma dêmos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
Partimos. Vamos. Somos.
Sebastião da Gama - O sonho
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo Sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma dêmos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
Partimos. Vamos. Somos.
Sebastião da Gama - O sonho
terça-feira, fevereiro 06, 2007
Deixai que a vida sobre vós repouse
qual como só de vós é consentida
enquanto em vós o que não sois não ouse
erguê-la ao nada a que regressa a vida.
Que única seja, e uma vez mais aquela
que nunca veio e nunca foi perdida.
Deixai-a ser a que se não revela
senão no ardor de não supor iguais
seus olhos de pensá-la outra mais bela.
Deixai-a ser a que não volta mais,
a ansiosa, inadiável, insegura,
a que se esquece dos sinais fatais,
a que é do tempo a ideada formosura,
a que se encontra se se não procura.
Jorge de Sena - As evidências (XVIII)
Fotografia: Ermida de Santo André em Beja
qual como só de vós é consentida
enquanto em vós o que não sois não ouse
erguê-la ao nada a que regressa a vida.
Que única seja, e uma vez mais aquela
que nunca veio e nunca foi perdida.
Deixai-a ser a que se não revela
senão no ardor de não supor iguais
seus olhos de pensá-la outra mais bela.
Deixai-a ser a que não volta mais,
a ansiosa, inadiável, insegura,
a que se esquece dos sinais fatais,
a que é do tempo a ideada formosura,
a que se encontra se se não procura.
Jorge de Sena - As evidências (XVIII)
Fotografia: Ermida de Santo André em Beja
sexta-feira, fevereiro 02, 2007
Bela
esta manhã sem carência de mito
e mel sorvido sem blasfémia.
Bela
esta manhã ou outra possível
esta vida ou outra invenção,
sem, na sombra, fantasmas.
Umidade de areia adere ao pé
engulo o mar, que me engole.
Valvas, curvos pensamentos, matizes da luz
azul
completa
sobre formas constituídas.
Bela,
a passagem do corpo, sua fusão
no corpo geral do mundo.
Vontade de cantar. Mas tão absoluta
que me calo, repleto.
Carlos Drummond de Andrade - Canto esponjoso
Bom fim de semana para todos.
esta manhã sem carência de mito
e mel sorvido sem blasfémia.
Bela
esta manhã ou outra possível
esta vida ou outra invenção,
sem, na sombra, fantasmas.
Umidade de areia adere ao pé
engulo o mar, que me engole.
Valvas, curvos pensamentos, matizes da luz
azul
completa
sobre formas constituídas.
Bela,
a passagem do corpo, sua fusão
no corpo geral do mundo.
Vontade de cantar. Mas tão absoluta
que me calo, repleto.
Carlos Drummond de Andrade - Canto esponjoso
Bom fim de semana para todos.
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