segunda-feira, setembro 28, 2009

Põe na mesa a toalha adamascada,
Traz as rosas mais frescas do jardim,
Deita o vinho no copo, corta o pão
Com a faca de prata e de marfim.
Alguém se veio sentar à tua mesa,
Alguém a quem não vês, mas que pressentes.
Cruza as mãos no regaço, não perguntes:
Nas perguntas que fazes é que mentes.
Prova depois o vinho, come o pão,
Rasga a palma da mão no caule agudo,
Leva as rosas à fronte, cobre os olhos,
Cumpriste o ritual e sabes tudo.
José Saramago - Aprendamos o rito
Posted by Picasa

sexta-feira, setembro 25, 2009


Deus escreve direito por linhas tortas
E a vida não vive em linha recta
Em cada célula do homem estão inscritas
A cor dos olhos e a argúcia do olhar
O desenho dos ossos e o contorno da boca
Por isso te olhas ao espelho:
E no espelho te buscas para te reconhecer
Porém em cada célula desde o início
Foi inscrito o signo veemente da tua liberdade
Pois foste criado e tens de ser real
Por isso não percas nunca teu fervor mais austero
Tua exigência de ti por entre
Espelhos deformantes e desastres e desvios
Nem um momento só podes perder
A linha musical do encantamento
Que é teu sol tua luz teu alimento.

Sophia de Mello Breyner Andresen - Deus escreve direito

Posted by Picasa

segunda-feira, setembro 21, 2009




Parque das Nações




Esperar ou vir esperar querer ou vir querer-te
vou perdendo a noção desta subtileza.
Aqui chegado até eu venho ver se me apareço
e o fato com que virei preocupa-me, pois chove miudinho

Muita vez vim esperar-te e não houve chegada
De outras, esperei-me e eu não apareci
embora bem procurado entre os mais que passavam.
Se algum de nós vier hoje é já bastante
como combóio e como subtileza
Que dê o nome e espere. Talvez apareça



Mário Cesariny - Estação

Posted by Picasa

sexta-feira, setembro 18, 2009



Há uma loja de tecidos na Ericeira (de que já vos falei) em cuja montra são tratados todas as semanas diferentes temas, sempre muito bem documentados.
Como anteriormente vos disse, faço sempre este percurso, para mim, obrigatório.
E nunca me desiludiu. Como agora. As pessoas da minha geração devem recordar-se com muita nostalgia dos tempos da escola primária aqui representada. Eu recordo, principalmente, as minhas professoras. Como só fui para a Escola Oficial na terceira classe tive três professoras. Uma muito querida na 1ª e 2ª classe. E duas na 3ª e 4ª classe. Recordo, sobretudo o amor pelo ensino, a sua dedicação e carinho. Para os passaritos assustados que nós eramos, encontrarmos uma segunda mãe na "senhora professora" foi um privilégio.
Que guardo na minha caixinha das recordações.

Posted by Picasa

quarta-feira, setembro 16, 2009




Flores de Óbidos para todos os amigos que visitam este blogue

Posted by Picasa

segunda-feira, setembro 14, 2009




Bate a chuva, tic...tic...
nas vidraças da janela.
Canta a chuva, tic...tic...
Que linda canção aquela!

Tic...tic...tic...tic...
Que linda canção aquela
de meninas ao despique:
- Qual de nós será mais bela?

Meninas a fazer meia
com as nuvens de novelo,
nenhuma delas é feia!

Tic...tic...tic...tic...
Tenho um medo que me pélo
que alguma delas me pique!...


António de Sousa - Canção da chuva

Posted by Picasa

sexta-feira, setembro 11, 2009



Oceanário de Lisboa
Todos os dias são bons para visitar o Oceanário. Convém não ir com muita pressa, porque vai precisar de tempo para observar os diferentes habitats que constituem este Oceanário que é o 2º maior do mundo. Este museu de biologia marítima construído para a Expo 98, é da autoria do arquitecto norte-americano Peter Chermayeff. É o local ideal para levar as suas crianças, mas se as não tiver leve a criança que está guardada dentro de si e divirta-se.
Posted by Picasa

segunda-feira, setembro 07, 2009


A Nave de Alcobaça




Vazia, vertical, de pedra branca e fria,
longa de luz e linhas, do silêncio
a arcada sucessiva, madrugada
mortal da eternidade, vácuo puro
do espaço preenchido, pontiaguda
como se transparência cristalina
dos céus harmónicos, espessa côncava
de rectas concreção, ar retirado
ao tremor último da carne viva,
pedra não-pedra que em pilar's se amarra
em feixes de brancura, geometria
do espírito provável, proporção
da essência tripartida, ideograma
da muda imensidão que se contrai
na perspectiva humana. Ambulatório
da expectação tranquila.
Nave e cetro,
e sepulcral resíduo, tempestade
suspensa e transferida. Rosa e tempo.
Escada horizontal. Cilindro curvo.
Exemplo e manifesto. Paz e forma
do abstracto e do concreto.
Hierarquia
de uma outra vida sobre a terra. Gesto
de pedra branca e fria, sem limites
por dentro dos limites. Esperança
vazia e vertical. Humanidade.



Jorge de Sena - Metamorfoses

Posted by Picasa

sexta-feira, setembro 04, 2009




De volta para a realidade.
Mas com muita saudade dos meus amigos.
As nossas férias, acabaram e com elas os doces dias de puro descanso. Todos precisamos dele para enfrentarmos mais uma corrida desta vida vertiginosa.
Aqui nos voltaremos a encontrar.
Posted by Picasa