sábado, abril 08, 2017





Uma casa que fosse um areal
deserto; que nem casa fosse;
só um lugar
onde o lume foi aceso, e à sua roda
se sentou a alegria; e aqueceu
as mãos; e partiu porque tinha
um destino; coisa simples
e pouca, mas destino:
crescer como árvore, resistir
ao vento, ao rigor da invernia,
e certa manhã sentir os passos
de abril
ou, quem sabe?, a floração
dos ramos, que pareciam
secos, e de novo estremecem
com o repentino canto da cotovia.


Eugénio de Andrade - O Lugar da Casa

3 comentários:

alfacinha disse...

Olá Isabel
Aqui assistimos a uma primavera tão branda como se esteja verão
Cumprimentos de Antuérpia

Vih disse...

Oi, Isabel :)
que bom que estamos voltando pra cá aos poucos! Poesia linda essa, não conhecia... O autor é português? Aqui no Brasil estamos chegando no inverno, adoro o friozinho que faz :)
Beijão

Ana Tapadas disse...

Eu amo Eugénio! Este poema é belíssimo.
Outro beijinho