quinta-feira, agosto 31, 2006


Coimbra - Pormenor de restaurante Posted by Picasa

quinta-feira, agosto 24, 2006

Perdi o jeito de sofrer.
Ora essa.
Não sinto mais aquele gosto cabotino da tristeza.
Quero alegria! Me dá alegria,
Santa Teresa!
Santa Teresa não, Teresinha...
Teresinha... Teresinha...
Teresinha do menino Jesus.

Me dá alegria!
Me dá a força de acreditar de novo
No
Pelo Sinal
Da Santa
Cruz!
Me dá alegria! Me dá alegria,
Santa Teresa!...
Santa Teresa não, Teresinha...
Teresinha do menino Jesus.

Manuel Bandeira - Oração a Teresinha do Menino Jesus

quinta-feira, agosto 17, 2006





No céu também há uma hora melancólica.
Hora difícil, em que a dúvida penetra as almas.
Por que fiz o mundo? Deus se pergunta
e se responde: Não sei.
Os anjos olham-no com reprovação,
e plumas caem.
Todas as hipóteses: a graça, a eternidade, o amor
caem, são plumas.

Outra pluma, o céu se desfaz.
Tão manso, nenhum fragor denuncia
o momento entre tudo e nada,
ou seja, a tristeza de Deus.

Carlos Drummond de Andrade - Tristeza no céu

quinta-feira, agosto 10, 2006

Coretos!

Em tempo de férias e de calor, e para quem está retido nas cidades, nada melhor do que partir á descoberta dos jardins que embelezam e refrescam as tardes de Verão.

Em muitos dos jardins das nossas cidades e vilas existem umas construções em lugar central e de destaque e que são constituidas básicamente por uma zona elevada, o palco (com um local por debaixo onde normalmente estão armazenadas as cadeiras utilizadas durante as actuações), rodeado por um corrimão e por uma cobertura mais ou menos trabalhada.

Ao longo do tempo tem sido palco para as mais diversas actuações, desde musicais, a teatrais, passando também pela política (qual será o político de província que nunca terá discursado a partir do Coreto da sua terra)

A utilização mais comum está ligada à música, seja uma banda filarmónica com os seus metais e percussões, uma orquestra com os seus instrumentos de corda,

um grupo pop ou rock com a guitarra e bateria, ou ainda um grupo coral com os seus instrumentos vocais.

Os coretos quando existem são sempre a motivo mais central de um jardim, como o Coreto do Jardim da Estrela em Lisboa, entre os lagos, ou o Coreto da Sertã, junto à Igreja Matriz, ou ainda o da Sra da Confiança, em Pedrogão Pequeno, e que nesta altura serve de ponto de vigia de focos de incêndio.

Com um aspecto mais moderno e de linhas rectas como o de Figueiró dos Vinhos, ou mais trabalhado em ferro e madeira como o da Estrela, os Coretos fazem parte da Alma... dos jardins e praças portuguesas.

Já sabe, quando passear Com Calma... num jardim com Coreto, sente-se num banco de jardim e deixe-se levar pelos sons que a sua imaginação compôr.

terça-feira, agosto 08, 2006



Não são poesia os mandamentos que escrevo.
Nem é poesia um mandamento.

São, porém, poesia e liberdade que aponto
e o sacrifício do espírito à liberdade apontada.

Juntos - somos tão livres que a audácia treme.

Jorge de Sena - Ordenações III

terça-feira, agosto 01, 2006



Nada a fazer, amor, eu sou do bando
Impermanente das aves friorentas;
E no galho dos anos desbotando
Já as folhas me ofuscam macilentas;

E vou com as andorinhas. Até quando?
À vida breve não perguntes: cruentas
Rugas me humilham. Não mais em estilo brando
Ave estroina serei em mãos sedentas.

Pensa-me eterna que o eterno gera
Quem na amada o conjura. Além, mais alto,
Em ileso beiral, aí me espera:

Andorinha indemne ao sobressalto
Do tempo, núncia de perene primavera,
Confia. Eu sou romântica. Não falto.

Natália Correia - O espírito