terça-feira, dezembro 04, 2007

Eis-me
Tendo-me despido de todos os meus mantos
Tendo-me separado de adivinhos mágicos e deuses
Para ficar sozinha ante o silêncio
Ante o silêncio e o esplendor da tua face

Mas tu és de todos os ausentes o ausente
Nem o teu ombro me apoia nem a tua mão me toca
O meu coração desce as escadas do tempo
........................................ em que não moras
E o teu encontro
São planícies e planícies de silêncio

Escura é a noite
Escura e transparente
Mas o teu rosto está para além do tempo opaco
E eu não habito os jardins do teu silêncio
Porque tu és de todos os ausentes o ausente

Sophia de Mello Breyner Andresen - Eis-me

3 comentários:

Carminda Pinho disse...

Eis-me aqui amiga, para que ver o que connosco partilhas. E a partilha essa, é um lindo poema de Sophia, debruado com uma bonita fotografia tua, de onde não sei, o céu estava nublado... :)
Obrigada.

Beijinhos

Anónimo disse...

Um ceu com em Belgica!!
Bonita foto e poème;
Obrigada para a vista do Père Natal a minha casa!!!!
Bisous, bisous, bisous.
Cristina

Bípede Implume disse...

Carminda, minha amiga,
O local da fotografia é em Casal Romeirão, freguesia da Encarnação, concelho de Mafra, numa manhã muito fria.
Beijinhos.

Cristina, ma chérie,
Quando o Inverno chega é para todos. E para os lados da Picanceira, está mesmo frio.
Beiinhos.