terça-feira, dezembro 30, 2014
Despeço-me sem saudade de 2014.
Foi um ano brutal para a maioria dos portugueses.
Brutal na carga sobre-humana de impostos, brutal na falta de assistência médica, brutal na redução de salários, brutal no roubo às reformas, brutal na total incompetência de alguns governantes, brutal na ausência de solidariedade, brutal no ataque sistematizado à Democracia.
2014 foi o ano de mais vítimas de violência doméstica: 40 mulheres assassinadas até dia 10 de Dezembro.
2014 foi o ano da pobreza infantil. Há crianças que chegam à escola com fome.
2014 morre-se ou por falta de transporte médico ou por falta de médicos.
2014 o ano em que aumentou o pedido de ajuda social.
2014 o ano em que se assistiu ao exercício de um poder absoluto intolerável em Democracia.
2014 o ano em que a emigração atingiu níveis comparados aos anos 60.
2014 o ano em que começa a sentir-se um pivete medonho, como nos tempos da Pide. E esses tempos não o queremos de volta. Nunca mais!
E é por isso, meus amigos, que encho o coração de esperança e vos desejo um 2015 em paz e em Democracia.
sábado, dezembro 20, 2014
FELIZ NATAL
Leio o teu nome
Na página da noite:
Menino Deus...
E fico a meditar
No milagre dobrado
De ser Deus e menino.
Em Deus não acredito.
Mas de ti como posso duvidar?
Todos os dias nascem
Meninos pobres em currais de gado.
Crianças que são ânsias alargadas
De horizontes pequenos.
Humanas alvoradas...
A divindade é o menos.
Miguel Torga - Natal
sexta-feira, dezembro 12, 2014
sexta-feira, dezembro 05, 2014
Desejo uma fotografia
como esta - o senhor vê? - como esta:
em que para sempre me ria
com um vestido de eterna festa.
Como tenho a testa sombria,
derrame luz na minha testa.
Deixe esta ruga, que me empresta
um certo ar de sabedoria.
Não meta fundos de floresta
nem de arbitrária fantasia...
Não... Neste espaço que ainda resta,
ponha uma cadeira vazia.
Cecília Meireles
terça-feira, dezembro 02, 2014
Imagem da Wikipedia
Eu tive um sonho, pior, um pesadelo.
Sonhei que estávamos em 2011 e um enorme disco voador desceu em Lisboa.
Depois do susto inicial verificámos que de dentro da nave saíam seres parecidos com os humanos.
A única diferença era no andar. Todos muito firmes e hirtos, magros alguns mesmo esquálidos.
Um deles até trazia uma Zundap.
A roupa que traziam não primava pela elegância, principalmente nas mulheres. Mal penteadas, mal vestidas. Havia uma que se destacava por ser loira, de cabelos compridos e ralos, mas de um loiro que já não se usa. Parecia saída dos anos 50, quando as pessoas pobres pintavam o cabelo com água oxigenada 20 volumes.
Dava a ideia que estes extraterrestres tinham visitado a terra nessa altura e continuaram nesse registo,
quando Salazar ainda vivia.
Neste sonho-pesadelo, sentimos todos uma certa desconfiança e o melhor mesmo era verificar se eles eram ou não humanos. A classe médica verificou que não tinham nem cérebro nem coração, mas um óptimo sistema digestivo: comiam tudo.
A verdade é que, passado pouco tempo, todos estavam mais gordos, luzidios. Um deles até parecia um berlinde pois era muito baixinho.
Como não eram humanos, deviam ter, entre eles, qualquer sistema de comunicação. Mas, ou porque o planeta de onde vieram não era muito inteligente, ou porque os sistemas eléctricos estavam avariados, nunca se entendiam. Cada um dizia sua coisa. Um autêntico charivari!
Mas tinham um ritual. Talvez para dar a ilusão do quanto eram modernos. De vez em quando tiravam a gravata (casual fridays), abriam os botões da camisa até ao umbigo e deixavam à vista a pilosidade ancestral...(ugh)... depois levantavam a perna direita arqueada batiam com força no chão, pum! levantavam a perna esquerda, outra vez pum!, ao mesmo tempo escancaravam a boca de onde surgiam uns dentes enormes, brancos e muito brilhantes e ululavam Uh! Uh! Uh!
Aqui acordei verdadeiramente horrorizada.
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