sábado, outubro 29, 2011

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Foi-nos afirmado que o nosso Orçamento de Estado era um orçamento de esperança.
Esperança para quem?



* As Aventuras de Tintim - Explorando a Lua
** As  Aventuras de Tintim - A Sete Bolas de Cristal

quarta-feira, outubro 26, 2011




Porto - Foz


À noitinha
lançávamos a âncora para as nuvens
por proposta minha
ou encalhávamos o barco
nas areias
do Douro.
Enquanto as Dourodeias
vinham ao de cimo
brincar nos reflexos das águas
com  olhos de limo,
cabelos de algas,
despenteios de espuma trazida do mar.
Eram ao mesmo tempo
mulheres, peixes, aves e frio
que nadavam no luar
e voavam no fundo do rio.


José Gomes Ferreira - Raiz de Granito (XXV)


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sábado, outubro 22, 2011


Mataram o Pai Natal!

Também não admira dada a maneira como nós o temos tratado. Todos os anos lá o vemos pendurado pelo gasganete, ao sol, à chuva ao vento.

É evidente que  sabemos que o Pai Natal não existe. Ou algum irmão mais velho, velhacamente, o afirmou, ou nós, filhos únicos, descobrimos sòzinhos. Porém a ilusão, para os mais pequenos,  daquele senhor tão simpático descer pela chaminé só para trazer brinquedos é ainda acarinhada  e incentivada pelos pais.

Porém este ano, de que maneira explicaremos que, não senhor, este ano não há Pai Natal. Como  explicar que, afinal, os brinquedos são os paizinhos que compram quando têm euros. E que este ano outros homens se lembraram de lhes tirar essa ilusão.
O nosso saudoso Solnado diria: Tudo prejuízo.

Natália Correia devia estar entre nós . Gostaria muito de saber que poema faria ela a esta Troika-Troika.


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quarta-feira, outubro 19, 2011






Flores vermelhas



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sábado, outubro 15, 2011








 Artesanato português


Apetece cantar, mas ninguém canta.
Apetece chorar, mas ninguém chora.
Um fantasma levanta
A mão do medo sobre a nossa hora.

Apetece gritar, mas ninguém grita.
Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
Todo o futuro a este dia de hoje.

Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma percorre
Os motins onde a alma se arrebata.

Oh! maldição do tempo em que vivemos,
Sepultura de grades cinzeladas,
Que deixam ver a vida que não temos
E as angústias paradas!

Miguel Torga - Dies Irae

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terça-feira, outubro 11, 2011





As cores do Outono

"A liberdade não é fazer o que se quer, mas o que se deve."

Ramón de Campoamor (1817-1901) - Poeta espanhol


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sábado, outubro 08, 2011








Ninguém cheira melhor
nestes dias
do que a terra molhada: é outono.
Talvez por isso a luz,
como quem gosta de falar
da sua vida, se demora à porta,
ou então passa as tardes à janela
confundindo o crespúsculo
com as ruínas
da cal mordidas pelas silvas.
Quando se vai embora o pano desce
rapidamente.


Eugénio de Andrade - Teatro dos Dias

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terça-feira, outubro 04, 2011




Quem vai de Lisboa para a Ericeira apanha a autoestrada A8 até à Venda do Pinheiro onde segue pela autoestrada  A21.

Quando estas autoestradas foram inauguradas, primeiro a A8 e mais recentemente a A21, nem podem imaginar a minha felicidade. O tempo de percurso foi drasticamente encurtado em meia hora . Ou seja, passei a levar meia hora, mais coisa menos coisa, a chegar à Ericeira.

Nos anos oitenta, de camioneta, eram duas horas para lá chegar. Uma eternidade.

Ora é precisamente, na mais recente A21, que se vê o estado em que se encontram as mangas de vento.
Começa logo ao chegarmos  à Abrunheira, depois na ribeira de Muchalforro, mais à frente na ribeira da Borracheira e, já na  na CRIMA (Central Regional  Interior de Mafra)  junto ao Rio Cuco.
 Já estavam assim desde o início do Verão.

Não se compreende.

Resultado da crise?  Espero bem que não. A isto chama-se incúria, ou antes, desmazelo.


Mas não era sobre este assunto que vos queria falar. Mas de outro bem mais interessante e também de espantar.




 A Primavera no meu mini pomar.

Em Outubro o abrunheiro está em flor. Pela segunda vez, este ano.
Tenho direito a um pequeno prodígio. Amen.

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