sexta-feira, janeiro 06, 2012




Responder a perguntas não respondo.
Perguntas impossíveis não pergunto.
Só do que sei de mim aos outros conto:
de mim, atravessada pelo mundo.

Toda a minha experiência, o meu estudo,
sou eu mesma que, em solidão paciente,
recolho do que em mim observo e escuto
muda lição, que ninguém mais entende.

O que sou vale mais do que o meu canto.
Apenas em linguagem vou dizendo
caminhos invisíveis por onde ando.

Tudo é secreto e de remoto exemplo.
Todos ouvimos, longe, o apelo do Anjo.
E todos somos pura flor de vento.


Cecília Meireles - Soneto Antigo

*

5 comentários:

Anónimo disse...

Sonetos, ahh estes me lavam a alma, e ótimo ver que desconhecidos escreveram coisas em que vieram de sua mente sem saber que tanto me agradariam...

christina disse...

Bom fim de semana amigos e até muito bréve!!!Beijinhos de saudade...

Ana Tapadas disse...

Querida Isabel,
a fragilidade das flores de inverno - tão belas - e este maravilhoso soneto de Cecília...lindo!

Beijinho

alfacinha disse...

Conheço cada vez mais e mais poetas portugueses, graças a este blog amável
cumprimentos de Antuérpia

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