terça-feira, abril 23, 2013

 


Vivi num bairro lisboeta perto da Estefânia, praticamente nasci lá.
Todas as pessoas se conheciam e se cumprimentavam pelo seu nome próprio.
Naquela altura as crianças acompanhavam os pais para onde quer que eles fossem. Nas compras, nas visitas aos amigos, nas festas casamentos, baptisados, cinema, teatro (de revista que os meus pais adoravam), nos bailes da Colectividade (que eu adorava, porque se se podia escorregar, ou seja patinar sem patins), velórios e enterros.
E é destes que vos quero falar.
 
Os velórios ainda se faziam em casa das pessoas.  Escolhia-se a maior sala, tiravam-se os móveis e ordenavam-se cadeiras ao longo da parede. As pessoas falavam muito baixo e eram servidos bolinhos secos e vinho doce.
E como não podia deixar de ser exaltavam-se as qualidades do defunto. Graças àquele defeito genético, muito português, naquele momento, todos os seus defeitos tinham desaparecido.
Em Portugal é preciso estar morto para se ser especial.
 
Foi o que aconteceu ao "não doutor" Relvas.
 
A Maioria decidiu  um voto de louvor ao ex-Ministro dos Assuntos Parlamentares. E, com esse voto, simbolicamente, atiraram o punhado de terra sobre o caixão.
Afinal ele não estava morto, estava era mal enterrado.
E teve direito às Solenes Exéquias.
Paz à sua  alma.
 

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1 comentário:

alfacinha disse...

Aconselho os outros a seguir o caminho de Relvas .Porque Portugal mereça um governo melhor .
Cumprimentos de Antuérpia