No bengaleiro do mercado público
penduraram o coração.
Vestem o fato dos domingos fáceis.
Não têm rosto
têm sorrisos muitos sorrisos
aprendidos no espelho da própria podridão.
Têm palavras como sanguessugas .
Curvam-se muito.
As mãos parecem prostitutas.
Alma não têm. Penduraram a alma.
Por fora parecem homens.
Custam apenas trinta dinheiros.
Manuel Alegre - Trinta dinheiros (Praça da Canção)
2 comentários:
Um retracto sempre actual!
Saudações poéticas!
Querida Isabel,
que tiro certeiro neste poema! É isto mesmo.
Espero que as férias tenham começado bem.
Por aqui ainda algum trabalho...
Beijinho
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