terça-feira, julho 23, 2013

 


No bengaleiro do mercado público
penduraram o coração.
Vestem o fato dos domingos fáceis.
Não têm rosto
têm sorrisos muitos sorrisos
aprendidos no espelho da própria podridão.
Têm palavras como sanguessugas .
Curvam-se muito.
As mãos parecem prostitutas.
Alma não têm. Penduraram a alma.
Por fora parecem homens.
Custam apenas trinta dinheiros.
 
Manuel Alegre - Trinta dinheiros (Praça da Canção)
 

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2 comentários:

vieira calado disse...

Um retracto sempre actual!
Saudações poéticas!

Ana Tapadas disse...

Querida Isabel,
que tiro certeiro neste poema! É isto mesmo.
Espero que as férias tenham começado bem.
Por aqui ainda algum trabalho...

Beijinho