quinta-feira, julho 27, 2006

Marcas de Canteiro

Ao visitar vários dos monumentos que enriquecem o nosso país, desde Castelos e Conventos, Palácios e Mosteiros, fui encontrando e coleccionando fotos de marcas nas cantarias.

Estas marcas são conhecidas por Marcas de Pedreiro ou Marcas de Canteiro ( trabalhador em Pedra ou Cantaria).

Estas marcas tem como função identificar o artesão ou grupo de artesãos que talhou aquela pedra para aquele específico local da construção.

Encontram-se em muitas das pedras utilizadas desde as pedras do chão, como se pode ver nalguns locais do Mosteiro da Batalha, embora muito desgastadas por séculos de passagens, até às paredes, algumas delas vandalizadas pelos riscos a lápis ou caneta de alguns inconscientes.

A marcação das pedras serviria para efectuar o pagamento aos grupos de artesãos, que deste modo saberiam com rigor o que teriam a receber, visto serem pagos por peça talhada.

Mas algumas das marcas de pedreiro para além da mera marcação com fins contabilisticos teriam também um significado mais oculto de ligação à Maçonaria.

As marcas mais estudadas são as de Eneida do Paiva, catalogadas e examinadas por Aarão de Lacerda, tendo ficado estes Templo conhecido pelo Templo das Siglas, devido à profusão de Marcas (siglas) de Pedreiro.

Ao longo do país ou pela Europa fora, se visitar Castelos ou Mosteiros, procure e olhe Com Calma... para as pedras que fazem o conjunto e pode ser que encontre algumas Marcas ou Siglas, que foram deixadas pelos Pedreiros e Canteiros anónimos e que fazem parte da Alma... dos lugares

terça-feira, julho 25, 2006

Uma das alegrias das férias de Verão são as imensas festas por esse país fora, dedicadas a vários Santos. Em Figueiró dos Vinhos, por exemplo, nos dias 26,27 e 28 de Julho, as festas são dedicadas a São Pantaleão. Quase sempre há bandas de música! E é um gosto vê-las a tocar, percorrendo a vila , sempre com a s suas fardas muito aprumadas. Às vezes um ou outro boné descai, no entusiamo da execução da música, mas não faz mal até lhes dá um certo ar à Humphrey Bogart.E todos nós aplaudimos e agradecemos a generosidade e esforço destes músicos em part-time que tocam Com Alma...




Bandinha da Roça de F.R.Lozano e adaptação Canto Nono
Disco Jornal Público - Canto Nono

Foto de Platero

quinta-feira, julho 20, 2006

Quinta da Regaleira



Um destes fins de semana, vagueando Com Calma... pelos lados de Sintra fui visitar uma verdadeira jóia da arquitectura, a Quinta da Regaleira.

O palacete e jardins foi mandado construir no início do séc XX por uma abastado comerciante, António Augusto Carvalho Monteiro, também conhecido pelo Monteiro dos Milhões.

Os planos foram encomendados ao arquitecto italiano Luigi Manini, que correspondeu às ideias românticas mas também mitológicas e mágicas de António Monteiro.

Toda a quinta está recheada de pontos de interesse, desde capelas a torres e desde poços a túneis e grutas.

A flora existente no jardim é frondosa e luxuriante, composta por inúmeras espécies vegetais e que transmitem uma atmosfera de magia a todo o espaço.

O passeio pelos jardins pode seguir um percurso pré-estabelecido ou o visitante pode vaguear de acordo com os apelos sentidos pelas várias obras de arte que parecem chamar, para serem vistas e apreciadas.

Os mais voltados para o esoterismo podem fazer o percurso que os levará até ao Poço Iniciático, de inspiração Maçónica, e à descida até às grutas labirínticas e aos lagos de luz.

Podem também tentar descobrir as ligações entre a quinta e os ideais dos Cavaleiros Templários.

A Quinta da Regaleira, nasceu do sonho de um homem, e da influência sentidas desde os Templários à Maçonaria, da Magia à Alquimia.

Passando pelo centro histórico de Sintra, e depois de passar pelas Queijadas da Periquita, para alimentar o corpo, passe pela Quinta da Regaleira, e Com Calma... alimente o espírito.

Sinta a Alma... da Quinta e dos jardins.

terça-feira, julho 18, 2006

Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.`
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.
Há só cada um de nós. como uma cave.
Há uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.

Fernando Pessoa - Ficções de Interlúdio

quinta-feira, julho 13, 2006

De Ontem e de Hoje... Príncipe Real



Vasculhando o baú das memórias, encontrei um velho postal do Príncipe Real, jardim que foi inaugurado em 1859 como homenagem ao filho primogénito de D.Maria II.

No centro do Jardim encontra-se um tanque, e um reservatório de água , com ligação ao sistema do Aqueduto das Águas Livres.

Este reservatório é conhecido como Galeria ou Reservatório da Patriarcal, nome derivado da existência da Basílica da Patriarcal, ali instalada a partir do terramoto de 1755 e que ardeu em 1769.

Hoje é uma galeria de exposições temporárias e que pode e vale a pena ser visitada.

O Jardim do Príncipe Real é rodeado por antigos palacetes, hoje na posse de Bancos ou outras instituições públicas ou privadas.

Um dos palacetes mais interessantes em termos arquitectónicos é o Palacete Ribeiro da Cunha em estilo Neo mourisco ou neo árabe e que data de 1877.

Este palacete já albergou a reitoria de uma universidade e hoje encontra-se fechado e à espera de uma autorização camarária para transformação em Hotel de Charme.

A sua transformação em Hotel de Charme, tem sido alvo de contestação por parte de alguns grupos de cidadãos devido à presumível destruição de uma parte dos jardins e das cavalariças do palacete.

Passeando pela Sétima Colina, entre o Largo do Rato e o Bairro Alto, não deixe de Com Calma... passar pelo Príncipe Real e sentir a Alma... do lugar desde os palacetes à Patriarcal.

terça-feira, julho 11, 2006

[...]
Outra vez te revejo,
Cidade da minha infância pavorosamente perdida...
Cidade triste e alegre, outra vez sonho aqui...
Eu? Mas sou eu o mesmo que aqui vivi, e aqui voltei,
E aqui tornei a voltar, e a voltar.
E aqui de novo tornei a voltar?
Ou somos, todos os Eu que aqui estive ou estiveram,
Uma série de sonhos de mim de alguém de fora de mim?

Outra vez te revejo,
Com o coração mais longínquo, a alma menos minha.

Outra vez te revejo - Lisboa e Tejo e tudo - ,
Transeunte inútil de ti e de mim,
Estrangeiro aqui como em toda a parte,
Casual na vida como na alma,
Fantasma a errar em salas de recordações,
Ao ruído dos ratos e das tábuas que rangem
No castelo maldito de ter que viver...

[...]

Fernando Pessoa/Álvaro de Campos - Excerto do poema Lisbon Revisited
Foto de Platero

sexta-feira, julho 07, 2006

Concerto dos Gotan Project!



Esta quinta-feira à noite, fui ao Coliseu dos Recreios em Lisboa, uma casa de espectáculos de que me recordo desde criança, quando os meus pais me levavam a ver o circo no Natal.

Naquela altura o Coliseu parecia-me enorme, e o brilho das luzes e os sons do circo, desde o rugido das feras às buzinas dos palhaços enchiam a noite.

Passados estes anos, tenho assistido a alguns espectáculos nesta sala, desde a dança, especialmente após o fecho do Ballet Gulbenkian, à música.

Esta noite o Coliseu estava cheio, para ver e ouvir os Gotan Project, um grupo Argentino que modificou o modo de escutar o Tango, desde o lançamento do seu primeiro CD em 2001, La Revancha del Tango.

Hoje o concerto tinha músicas desse album de 2001, mas também do novo CD de 2006, Lunático, e tivemos ainda uma oferta do grupo que é uma nova música - Norte - que ainda não foi incluida em nenhum CD e que foi uma estreia em palco.

Esta sexta-feira à noite, vão estar no Coliseu do Porto, e quem puder, não pode perder, o concerto de Lisboa esgotou.

Do primeiro CD deixo-vos a música Santa Maria (del buen ayre) produzido pela Ya basta! e distribuido pela Discograph

Uma música para escutar e apreciar ... Com Alma

quarta-feira, julho 05, 2006

Eu preparo uma canção
em que minha mãe se reconheça,
todas as mães se reconheçam,
e que fale como dois olhos.

Caminho por uma rua
que passa em muitos países.
Se não me vêem, eu vejo
e saúdo velhos amigos.

Eu distribuo um segredo
como quem ama ou sorri.
No jeito mais natural
dois carinhos se procuram.

Minha vida, nossas vidas
formam um só diamante.
Aprendi novas palavras
e tornei outras mais belas.

Eu preparo uma canção
que faça acordar os homens
e adormecer as crianças.

Carlos Drumond de Andrade - Canção Amiga

segunda-feira, julho 03, 2006

Relógios de Sol...


Nos passeios que faço não costumo utilizar relógio de pulso, pois vou encontrando verdadeiras preciosidades ao longo deste país e que me mantém mais ou menos informado dos horários.

Essa obras de arte, são os Relógios de Sol que se encontram um pouco por todo o país, com especial destaque para as Igrejas e Conventos.

Um relógio de Sol é um instrumento de medida da passagem do tempo pela observação da posição do Sol e é normalmente constituido por uma placa plana onde se encontram as linhas que indicam as horas e por um pino - o gnomon - que projecta a sua sombra sobre as linhas para nos dar então essa medida de tempo.

Podem ser de vários tipos, horizontais, como os que se encontram em alguns jardins - com uma placa horizontal e um gnomon - verticais, como os que se encontram nas paredes de igrejas e ainda os reclinados que não são nem verticais nem horizontais, como os equatoriais com um prato fixo no plano do equador e os polares com o prato paralelo ao eixo da Terra entre outros.











As fotos nesta página são de relógios de Sol em Santo Isidoro / Mafra, no mosteiro de Alcobaça e na Carvoeira, numa igreja.

Cada um deles, é uma obra de arte e de técnica, arte pelo trabalho dos artesãos que os esculpiram, mas é também uma obra de técnica, pois a sua orientação, a divisão dos espaços que representam as horas e a inclinação do Gnomon, variam de acordo com a latitude do local e com o tipo de relógio de Sol.

A decoração de cada um deles é digna de se apreciar em pormenor, o que por vezes é díficil devido à posição em que se encontram.

Em muitas igrejas e conventos por este país fora existem relógios de Sol à espera de serem apreciados e fotografados.

Como única desvantagem, tem uma diferença entre a hora apresentada e a hora real que pode variar de mais ou menos 15 minutos.

Mas são belos e silenciosos, ao contrário de muitos dos relógios colocados actualmente nas torres de igrejas.

Percorrendo os caminhos de Portugal, nas rotas de Igrejas e Conventos, quando precisar de saber as horas, procure, Com Calma... numa das paredes de uma igreja o relógio de Sol que também faz parte da Alma dos lugares.