terça-feira, julho 29, 2008


Povo sem outro nome à flor do seu destino;
Povo substantivo masculino,
Seara humana à mesma intensa luz;
Povo basco, andaluz,
Catalão, português:
O caminho é saibroso e franciscano
Do berço à sepultura;
Mas a grande aventura
Não é rasgar os pés
E chegar morto ao fim;
É nunca, por nenhuma razão,
Descrer do chão
Duro e ruim!

Miguel Torga - A vida
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4 comentários:

Anónimo disse...

O sentimento telúrico de Torga é maravilhoso e essa espécie de desabrochar de uma procura de infinito que nega a si próprio...belo poema e foto linda!
Que os dias sejam suaves, mas intensos de afecto.
beijinho

Meg disse...

Isabel

Descrer do chão
Duro e ruim!

é a única coisa a que não temos o direiro de descrer.Talvez a única base em que nos apoiamos de verdade.
Um grande abraço

Bípede Implume disse...

Querida Anna
Gosto da tua interpretação do Torga. Também gosto daquela força e simplicidade que põe na sua poesia.
Acho que somos pessoas de afectos que é uma mneira de sermos felizes.
Beijinhos.

Querida Meg
Tens razão. Mas ele começa por dizer "que o caminho é saibroso e franciscano".`É uma metáfora. Porque apesar dos contratempos da vida o importante é nunca descrermos e seguir em frente.
É uma maravilhosa mensagem de esperança.
Beijinhos

nona e eu disse...

maravilhoso!!!